Tô só observando

Tô só observando

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Dona Cota

Juliana, filha de Dona Cota, chegou no quarto da mãe, abriu a janela e já começou a tagarelar. Será que ela esqueceu que eu não gosto de falar de manhã? Sssshhhhhiiiiuuuuu!!!!!!!!!!! Juliana parou de falar assim que viu a cara da mãe, ajudou-a a sentar-se. As costas ainda doíam. Não adiantava mais ter uma boa noite de sono.

O neto entrou correndo para pedir algo gritando para a mãe, a avó queria conversa, qqquuuuuueeeeee qquuuuuuiiiiiiii vvvvvooooocccccêêêêê sssssssshhhhhhhhhh. Parou, cansada. Ele que responda, mas qual o que, ele saiu, olhando a vó com cara de dúvida, saiu num pinote. Tinha algo mais importante para fazer.

Vontade de bater nesse mal criado. A culpa é do pai, vagabundo, coitado, trabalha durante a semana, mas de final de semana não faz nada. Bom era seu pai Juliana, homem trabalhador, acordava cedo, morreu cedo também. A filha, já sabendo de todos esses pensamentos da mãe, olhou para ela e disse:

- Papai não era tão bom assim, mãe. O Gerson é bom pai.

Muxoxo. Chata. Grossa. Filha da Puta. Sou mãe dela, mas ela é uma filha da puta. Cuida de mim porque é obrigação. Juliana deixou a mãe sentada na cadeira de roda, em frente a Tv, de fralda, banho tomado, café da manhã dado, suquinho com canudo. Vou levar o Dado para escola, trabalhar um pouco, volto para o almoço, fica com Deus. Beija a testa da mãe. Sai.

Meu corpo já não me sustenta, mas eu tenho que sustentá-lo. Dona Cota fechou os olhos e dormiu, sem resignação.

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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Suporte

Pensando...

A morte nos tira o suporte,
o norte,
é um corte na sorte.

O suporte da morte,
é uma falta de sorte,
é um corte no nosso norte?

Sorte da morte,
que tem como suporte,
um corte no norte,
que é Vida!

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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Mariana

Mariana tinha 5 anos quando viu pela primeira vez alguém morto. Ninguém escondeu dela, era coisa da vida, a avó dizia. Mas ela olhou o corpo do cachorro Teco, que a carregou por tantas brincadeiras, e pensava para onde o latido dele tinha ido.

O pai não sabia dizer, a mãe ficou com o olho cheio de lágrima, não respondeu. A avó, sentenciosa, disse que tinha ido para o céu dos cachorros. A avó não sabia, mas o pai havia dito que essa coisa de céu era besteira. Então para onde?

Quando a prima Lourdes morreu, ela cansou de perguntar: para onde foi a risada dela? A avó só dizia: para o céu.

Aí a avó morreu, Mariana tinha 8 anos. Para onde foi a risada, o colo, as broncas? Perguntou para a tia, que mandou ela se calar. Ela calou, mesmo querendo saber a resposta. Para onde?

A avó dizia que era para o céu, então Mariana olhou para o céu e pediu para ouvir os latidos, a voz da avó, a risada da prima. O céu, que estava bem claro aquele dia, não disse nada, mas o vento soprou e levou para o longe a tristeza e Mariana entendeu que lá era o céu.

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sábado, 9 de agosto de 2014

Volêi

Não entendo nada de futebol, basquete, natação, atletismo. Só gosto de vôlei, gosto mesmo. Assistia ao Montanaro, achava lindo e com o tempo notei que gostava mais do masculino que do feminino, porque achava que elas se abalavam muito quando começavam a perder e que elas tinham que reagir! Ficava irritada!

Rsrsrsrs, malditos espelhos! Sim, me via nelas. Já venho assistido aos jogos femininos de vôlei há bastante tempo (anos!). E hoje, essa história veio a minha mente de novo, como que para re-olhar. Elas ganhavam o jogo e por conta de uma jogadora russa, elas se desconcentraram e começaram a perder. Quantas vezes fiz isso? Quantas fazemos? Mais quantas nos deixaremos levar?

Elas não se deixaram, juntaram-se, foram atrás e pegaram uma diferença de 6 pontos. Ganharam o jogo e como uma criança, me vi, na frente da tv tendo uma lição de vida: elas caíram muitas vezes, elas levantaram mais do que caíram. Parece bobo. O corpo ensinando a mente. É preciso levantar.

Cair e levantar é o maior segredo. Aprendemos a andar, caindo. Por quê queremos viver o resto da vida sem a dor de cair? Quando éramos crianças não tínhamos medo de cair, porque sabíamos levantar. É preciso re-aprender quando adultos, a cair com maturidade e a se re-erguer, com a leveza de uma criança.

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