Tô só observando

Tô só observando

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Calça Jeans Laciada

Dizem que a calça jeans laceia, que ela pega o formato do corpo. Hoje a minha calça jeans está irritantemente mal-humorada e inchada.

É ela, não sou eu, o problema.

Tô pensando em picotá-la em vários pedaços, rasgá-la com um garfo bem afiado, jogar tinta, só prá ver se ela aprende. "Ah é a idade!". Dela né? Não a minha. Eu tô ótima na minha idade! Tão chata essa frase! É uma desculpa, uma espécie de consolo: "ah você não tá tão feia...". Esse é o subtexto.

Sempre adorei essa calça jeans... Ela é rasgada, valorizava o que precisava e escondia as imperfeições. Hoje ela parece minha pior inimiga. Ela deve ter pensado: "querida, fiquei laciada e você engordou! Cuidado com a flacidez!". Vaca.

Essa calça jeans é pior que aquelas amigas sinceras demais sabe? Aquela que joga a verdade na sua cara? Aquela que fala, mesmo quando você não pergunta? Mas eu gostava dela, porque antes, ela falava baixinho: "psiu, você ganhou um pouco de coxa... "

Hoje ela gritou prá todo mundo: "olha só a banha da mina"! Berrou, chamou a atenção do povo. E não foi a atenção do pedreiro que até deixa você feliz com aquelas cantadas sem noção!!! Não!! Ela chamou a atenção das mulheres!!!! Porque o olhar de outra mulher é sempre o nosso pior espelho!

Como gosto muito dela, tomei uma decisão para salvar a nossa amizade: vou fechar a boca por 7 dias e lavá-la várias vezes, se ela não entrar daqui a uma semana, jogo fora. Se quiser que sejam grosseiros comigo sem que eu peça, sei lá, cadastro meu telefone de casa numa agência de telemarketing.

Brincadeira... Sinceridade hoje em dia é tão difícil...

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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Viagens

Quando viajamos buscamos essencialmente uma viagem para dentro de nós mesmos.

Clichê?

Pode ser, mas acredito que isso seja verdade. Nossos olhos ficam abertos e ávidos para ver, ver, ver. Só que, para ver algo inédito, os escudos têm que baixar, aí, no exato momento em que eles baixam, você é tocado.

Toca em algo lá dentro, que nem você sabe exatamente onde é, mas, este era o objetivo de sua viagem para o exterior: chegar no seu próprio interior.

Acredito que não percebemos isso, vamos notar que, lentamente, uma mudança faz-se dentro de si, devagar e forte, para que esta possa ser sua nova "Eu".

Ninguém percebe, mas você sabe, que algo ali dentro, mudou.

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Vômito

Caiu a pressão, a mão e a boca ficaram formigando, até que falar tornou-se difícil.

Vomitei. Tenho estômago de ferro, mas vomitei. Vomitei porque recebi uma notícia que me enojou.

Vomitei tanto que estou cansada até agora.

Vomitei tudo o que tinha no estômago e o que não tinha.

Enquanto vomitava, algo em mim pensou: por que fiquei triste?

Porque compreendi e matei, de vez, alguém dentro de mim. Dói e aí a gente expurga o que tava dentro, vomitando, como algo que voce não quer mais comer.

Quero comer alimentos saudáveis porque agora já sei distinguir quais me fazem mal.




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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Muitos subtons

Quando a gente envelhece, descobre que dificilmente existe alguém inteiramente mau ou inteiramente bom, como na novela (nem mesmo elas andam tão assim). A gente descobre que a vida não é maniqueísta, tão pouco persegue. O mundo continua girando, mesmo que você tenha dor, mesmo que você queira que ele olhe para você agora.

O mundo olha, mas não pára, e é bom que seja dessa forma, porque ele nos educa. Você aprende que tem que levantar, olhar para si e para os outros com carinho e paciência, pela criança que temos dentro da gente... Nossa cabeça, nessa hora, é o mundo, que olha para o que acontece dentro, mas não pára; entende as manhas e educa essa criança interior.

Mostra para essa criança, que não existe uma cor, fechada e una, mas uma palheta de cores, e é preciso olhar para elas, sem julgamento, deixar que o eco aconteça dentro, para que aí sim, o sentimento transborde.


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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Encontro

Quando a vi entrar, pensei que podia sentir seu cheiro de longe. Não que ela estivesse suja, mas gosto de sentir o ar ao redor das pessoas e coisas. Ela estava linda, brilhava... De qualquer forma, pressenti que ela também queria se aproximar, pois seu olho brilhou. Pensei até em falar alto, mas estavam todos falando tão baixo que não queria incomodá-los e achei que se falasse, estragaria nossa comunicação não verbal, que me parecia tão interessante. A mulher que a acompanhava, gesticulava muito os braços, aquilo me distraía. Por que se movimentava tanto? Acho que devia ser solteira, mulher casada não se movimenta daquela forma. O rapaz que estava comigo é muito lamurioso, fica sempre divagando enquanto come.  Às vezes vejo que sua boca se mexe, mesmo quando não está comendo. Fiquei com receio dela achar que éramos dois doidos, por isso sorri.

Meu sorriso a estimulou, percebi uma leve vibração no seu corpo. Mas aquela amiga conhecia todo mundo, falava com todos, muitos passavam na nossa frente, e eu perdia o contato visual. Mudei um pouco a minha posição e a flagrei se movimentando, também me procurando. Sorri satisfeito, e ela sorriu envergonhada. Baixou os olhos e eu fiquei feliz por aquele gesto que demonstrava uma alma tranqüila e reservada. Prefiro o silêncio.

O silêncio nos olhava. O rapaz, dentro do seu próprio mundo, queria ir embora, não percebeu o que estava acontecendo, tentei explicar com calma, ele não me ouviu, mas eu precisava me retirar com ele. Ela, de longe, viu o que estava acontecendo e,  por seu lado, conversou com a mulher que não parava de se mexer.
Saímos – achei melhor não dar escândalo lá dentro – e assim que pude,  já comecei a gritar com ele, acusando-o de ser egoísta, que não olhava ao seu redor, que devia parar de olhar para si mesmo e tentava puxá-lo para dentro de novo e qual não foi minha surpresa, quando vi a minha amada, arrastando sua amiga para o lado de fora, também aos gritos, também insana, também brigando por mais um olhar.

Surpresos com nossas atitudes, olhamo-nos com admiração, ficando parados por um instante. Começamos a nos aproximar lentamente, analisando um ao outro. Coração palpitando forte. Estávamos perto o suficiente para nos beijar. Agora sim, podia sentir seu cheiro. Ela cheirava a Bonzo, ração antiga, ela era tradicional. Gosto disso.


Abanei meu rabo com satisfação, ela retribui com um latido feliz. Éramos dois golden retriever que tinham encontrado o amor, ali, na sala de espera da clínica veterinária.

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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Rugas de preocupação

Sim, tenho rugas. Nem eu sabia quantas rugas eu tinha até que me assustei, quando olhei, de repente, o espelho. Pensei: estou velha. Aí tem aqueles mais lunáticos que falam: "velha não, experiente!". Só que nem sempre velhice significa maturidade, mas tem um sentimento que realmente começa a crescer quando envelhecemos: tranquilidade e isso é que te torna mais experiente e inteligente.

Tem coisas que só o tempo traz. Nunca achei que aquela famosa frase: "ah se eu tivesse 20 com a cabeça de 60" fosse verdade. Mas é. Ah se eu tivesse 20 com a minha cabeça de 40. Só que o passado já foi, para mim resta aprender com as velhas e novas rugas que virão. Rugas de rir também, porque nem sempre as rugas são de tristeza e preocupação...

Pensei isso quando vi a foto de uma senhora índia, muito enrugada (até na bunda). Ela é da tribo ZO'É e quanto mais rugas a pessoa tem, mais bem tratada ela é. Bonito isso. Lá sim, as rugas traduzem maturidade, vivência... Por que não valorizamos nossos velhos? Por que temos vergonha das rugas?

Em última instância, nossa sede de juventude é muito mais um grito de uma criança birrenta que insiste em não crescer... Resta, a nossa porção adulta, educar essa criança e explicar sobre o Tempo.

Lançamento do Livro ZO'É - Galeria Vermelho. Rua Minas Gerais, 350. 06/11 das 19h às 21h30.

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