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Gastrite é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e como se sente;
é uma úlcera crescendo plenamente,
é dor que desatina a doer.
É um arder junto com doer;
é uma porrada no estômago da gente;
é nunca sentir-se inteiramente;
é tomar bicarbonato prá não doer.
É querer ficar sem dor e à vontade;
é acabar com a azia e o ardor;
é matar quem nos tira a tranquilidade;
Mas como evitar essa grande dor,
com tantos pentelhos "cheios" de bondade,
te provocando para aumentar o ardor?
Calor volta,
Frio volta,
Mau-humor volta.
E o quê que não volta?
Tempo,
Ele não volta.
Que bom, que bom que pelo menos algo nos obrigue a olhar para frente e não para trás; nos obrigue a sair da mesmice, nos obrigue a refletir porque repetimos padrões que não servem mais. O Tempo é quase um chute na bunda, um "pedala Robinho" bem dado, com gargalhada na nossa cara que acha que ele não tá passando, pois é, tá...
Que bom né?
Com o passar do Tempo, vem a dor de não termos caminhado e, talvez, com essa percepção, busquemos olhar para o passar dele de forma mais tranquila e serena, e aprendemos assim, a viver: respirando, andando, sorrindo e voltando sim, mas sempre para algo que, na verdade, é fora do Tempo.
Juliana, filha de Dona Cota, chegou no quarto da mãe, abriu a janela e já começou a tagarelar. Será que ela esqueceu que eu não gosto de falar de manhã? Sssshhhhhiiiiuuuuu!!!!!!!!!!! Juliana parou de falar assim que viu a cara da mãe, ajudou-a a sentar-se. As costas ainda doíam. Não adiantava mais ter uma boa noite de sono.
O neto entrou correndo para pedir algo gritando para a mãe, a avó queria conversa, qqquuuuuueeeeee qquuuuuuiiiiiiii vvvvvooooocccccêêêêê sssssssshhhhhhhhhh. Parou, cansada. Ele que responda, mas qual o que, ele saiu, olhando a vó com cara de dúvida, saiu num pinote. Tinha algo mais importante para fazer.
Vontade de bater nesse mal criado. A culpa é do pai, vagabundo, coitado, trabalha durante a semana, mas de final de semana não faz nada. Bom era seu pai Juliana, homem trabalhador, acordava cedo, morreu cedo também. A filha, já sabendo de todos esses pensamentos da mãe, olhou para ela e disse:
- Papai não era tão bom assim, mãe. O Gerson é bom pai.
Muxoxo. Chata. Grossa. Filha da Puta. Sou mãe dela, mas ela é uma filha da puta. Cuida de mim porque é obrigação. Juliana deixou a mãe sentada na cadeira de roda, em frente a Tv, de fralda, banho tomado, café da manhã dado, suquinho com canudo. Vou levar o Dado para escola, trabalhar um pouco, volto para o almoço, fica com Deus. Beija a testa da mãe. Sai.
Meu corpo já não me sustenta, mas eu tenho que sustentá-lo. Dona Cota fechou os olhos e dormiu, sem resignação.
Pensando...
A morte nos tira o suporte,
o norte,
é um corte na sorte.
O suporte da morte,
é uma falta de sorte,
é um corte no nosso norte?
Sorte da morte,
que tem como suporte,
um corte no norte,
que é Vida!
Mariana tinha 5 anos quando viu pela primeira vez alguém morto. Ninguém escondeu dela, era coisa da vida, a avó dizia. Mas ela olhou o corpo do cachorro Teco, que a carregou por tantas brincadeiras, e pensava para onde o latido dele tinha ido.
O pai não sabia dizer, a mãe ficou com o olho cheio de lágrima, não respondeu. A avó, sentenciosa, disse que tinha ido para o céu dos cachorros. A avó não sabia, mas o pai havia dito que essa coisa de céu era besteira. Então para onde?
Quando a prima Lourdes morreu, ela cansou de perguntar: para onde foi a risada dela? A avó só dizia: para o céu.
Aí a avó morreu, Mariana tinha 8 anos. Para onde foi a risada, o colo, as broncas? Perguntou para a tia, que mandou ela se calar. Ela calou, mesmo querendo saber a resposta. Para onde?
A avó dizia que era para o céu, então Mariana olhou para o céu e pediu para ouvir os latidos, a voz da avó, a risada da prima. O céu, que estava bem claro aquele dia, não disse nada, mas o vento soprou e levou para o longe a tristeza e Mariana entendeu que lá era o céu.
Não entendo nada de futebol, basquete, natação, atletismo. Só gosto de vôlei, gosto mesmo. Assistia ao Montanaro, achava lindo e com o tempo notei que gostava mais do masculino que do feminino, porque achava que elas se abalavam muito quando começavam a perder e que elas tinham que reagir! Ficava irritada!
Rsrsrsrs, malditos espelhos! Sim, me via nelas. Já venho assistido aos jogos femininos de vôlei há bastante tempo (anos!). E hoje, essa história veio a minha mente de novo, como que para re-olhar. Elas ganhavam o jogo e por conta de uma jogadora russa, elas se desconcentraram e começaram a perder. Quantas vezes fiz isso? Quantas fazemos? Mais quantas nos deixaremos levar?
Elas não se deixaram, juntaram-se, foram atrás e pegaram uma diferença de 6 pontos. Ganharam o jogo e como uma criança, me vi, na frente da tv tendo uma lição de vida: elas caíram muitas vezes, elas levantaram mais do que caíram. Parece bobo. O corpo ensinando a mente. É preciso levantar.
Cair e levantar é o maior segredo. Aprendemos a andar, caindo. Por quê queremos viver o resto da vida sem a dor de cair? Quando éramos crianças não tínhamos medo de cair, porque sabíamos levantar. É preciso re-aprender quando adultos, a cair com maturidade e a se re-erguer, com a leveza de uma criança.
Dona Maria sempre morou no mesmo bairro, nunca quis sair de lá, achava que isso lhe dava raízes. Ela teve 3 filhos, sempre trabalhou em lojas do bairro, cuidando das crianças do vizinho, fazendo pequenos consertos nas roupas dos outros. Todos gostavam dela, muito mesmo. O marido foi embora com outra, mas mandava dinheiro suficiente para ajudar a criar os filhos. Cuidava da mãe também, que morava nos fundos da sua casa. Até que um dia, a mãe morreu, dormindo, que nem Sol no fim de tarde.
Dona Maria ficou triste, mas não muito. Teve enterro, missa de sétimo dia e os dias passaram. Dona Maria achou bom alugar o quartinho que fora da mãe e buscou limpar o quê tinha lá. Cada recordação Meu Deus, de fazer doer o peito, até que achou uma caixinha, pequena, com pequenas jóias e bijouterias, abriu. Uma carta do pai, dizendo que queria conhecer a filha. Dona Maria teve raiva, porque a mãe não deixou-a conhecer o pai?
Dona Maria buscou mais cartas, fuçou mesmo, a mãe não podia ter escondido o pai de mim, a mãe nunca foi honesta comigo. Será que a mãe foi solteira? Com esse pensamento, Dona Maria achou a foto do pai, viu que era um homem bonito, devia ser rico, achou nome e sobrenome e ligou para o Senhor Luiz da Gama. Disse que a mãe tinha morrido. Silêncio. Não falo com sua mãe há mais de 60 anos. A voz envelhecida estava fraca. Não fala há mais de 73 anos. Tenho 90 anos, a gente se arrependeu, mas ela fugiu da cidade...
Ela morreu. Desligou. Não teve dó da mãe, mas entendeu. Ligou para os filhos e fez mingau de polenta, como quando crianças. Vendeu a casa e foi morar em prédio, com mais raízes.
Perdoa, por mais que te doa
Perdoa e segue
Perdoa e esquece
Perdoa?
Poderia perdoar se a mente parasse de cismar
Poderia perdoar porque é certo
Porque sigo
E porque sigo
a mente pára
E porque pára
a gente esquece
E quando esquece
puff, sumiu
E quando some
A gente alivia
Não só pelo perdão
mas pelo próprio coração
Equilibrío, é o que todos buscamos não é? Não, não é. Isso é mentira, a gente acha que busca o equilíbrio, porque o auto-boicote, a que me refiro carinhosamente como uma puta mentira prá sim mesmo, vem com força total!
"Me controlei horrores hoje, não comi chocolate". Aí você lembra que comeu um alpino e um doce de abacate.
"Não tô tão tensa". Aí vem uma dor de cabeça do além.
"Não tô nervosa". "NãO tÔ NeRvOsA". "NÃO TÔ NERVOSA!!!!"
Desequilíbrio. Hoje, só de ter respirado diferente, percebi que o peito estava apertado, a nuca tensa, a barriga tensa, as costas tensas, ou seja, bem tensa.
Desequilíbrio.
"Ah, mas todo mundo é assim".
"Ah é bom, faz a gente se mexer".
"Ah, é bom, emagrece".
E na busca pelo equilíbrio, penso: não é todo mundo assim, não deveria ser isso que nos faz mover, fecha a boca e faz exercício.
"Ah, amanhã eu faço" "Só hoje, eu mereço" rsrsrsrs Equilíbrio?
O que é, o que é, que passa creme anti-rugas e acorda com a cara do Batoré?
O que é, o que é, que como chocolate sem lactose porque não gosta de frutose?
O que é, o que é, que compra calça 38 mas não para de comer biscoito?
O que é, o que é, que faz rima idiota prá se enganar que tá uma bolota?
Sim, é nóis, mulhé, que tem um ciclo hormonal, que faz a gente parecer banal, quando só quer ser legal.
Sim, é nóis, bicho que sangra, que busca ser santa, enche a pança e não descansa da comilança.
Sim, é nóis, bicho feminino, que quer emagrecer, rejuvenescer e esquece que é só amadurecer.
E o que é que é, de verdade?
De verdade, o que é, a gente não sabe, por isso que a gente muda todo dia!
Clara lembrava de si criança. Lembrava da barriga redonda que ela inflava de ar porque achava graça não ver os pés. Aos 10 já não tinha graça fazer isso, todas as meninas da classe já tinham crescido e ela insistia em brincar de shorts na rua.
Todo mês ela faz tudo sempre igual
Se sacode logo cedo de manhã
Se coloca o absorvente habitual
E o corpo fica igual ao de uma rã.
Todo mês é uma dor de fazer rachar
E essas coisas que dá em toda mulher
Fico pensando quem eu posso matar
E me calo com um golinho de café.
Todo mês eu só penso em me acalmar
Meio do mês eu só penso em dizer não
Depois penso nas contas prá pagar
E me calo com uma fome de leão.
Fim do ciclo como era de se esperar
É um puta alívio estar sem dor
E eu aperto a barriga prá acabar
Isso não pode continuar por favor!
Todo mês ela faz tudo sempre igual
Se sacode logo cedo de manhã
Se coloca o absorvente habitual
E o corpo fica igual ao de uma rã.
Cheiro de vó não envelhece, fica guardado, lá no fundo da memória e de repente, andar pelo bairro faz a gente lembrar delas e sentir carinho.
Lembrar de se sentir em casa na casa delas,
das balas roubadas no bar,
do corpo, pequeno entrar na caixa do leite, que era de um plástico azul,
lembrar do cheiro do bolo de banana, da sopa de feijão, da terra onde tinha um pequeno milharal,
das minhocas que minha irmã jogava na gente,
das flores, dos limões, da roupa lavada no varal...
E aquilo que estava longe, fica perto de novo,
relembrando nossa finitude, através daquele olhar ancião.
- Onde nós tamo ino mesmo?
- Pro médico Jonas, prá mor de ver seu coração.
- Ah, mas meu coração tá bom, mas minha cabeça. Silêncio. Onde nós tamo ino mesmo?
- Ver seu coração Jonas.
- Ah é o coração. Tem que ir no médico né? Onde nós tamo ino mesmo?
- No médico do coração Jonas.
- Ah é, você falou. Minha cabeça tá esquecida. Silêncio. Onde nós tamo ino mesmo?
- A cabeça não importa Jonas, já o seu coração, importa. Aí não importa onde a gente vai.
Vivemos empuleirados e com tantas coisas ao nosso redor que fica difícil ver. Para enxergar é necessário tirar da frente e com tantos prédios, tanta gente, tanta bugiganga, tanto falatório, como ver? Como ouvir? Como? Ssssshhhhhhhhh
Às vezes tenho um ímpeto quase homicida de mandar todo mundo falar baixo, gritar menos, falar menos. Aí, a pessoa, com tanta razão, pode mandar que eu cale a boca! Não é certo?! É!!!!! Aí penso: sssshhhhhhh!!!!!!!
Muito barulho, fulano que quer que você concorde com beltrano, buzina, atropelamento de palavras e gente e tiro e morte, reais e pessoais, como escutar a si? SSSSSSSSSssshhhhhhhHHHHHH
E quanto mais eu brigo para que pare de pensar, mais a cabeça fala, prá me provocar, como criança mimada que você dá um grito e ela cisma em colocar o dedo na ferida, sabendo exatamente que botões apertar dentro de si, para que você aceite aquele falatório impulsivo.
AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH
SSSSSSSHHHHHHHHHHHHHHHSSSSSSSSSSSSHHHHHHHHHHH
Nova reforma, novos martelos, nova serra elétrica, só eu que continuo igual a esses barulhos. Devo ignorá-los e quanto mais penso isso, mais os ouço. A vida é pândega e, como toda brincadeira, esconde Seu ensinamento.
ssshhhhh baixinho, com dedo na boca.
Hoje tive a sensação nítida do tempo escorrer sobre meus dedos, mais rápida do que a água quando lavo as mãos.
Dia sombrio e fui ler um pouco sobre a Lua Sangrenta que aconteceu hoje às 3 horas da manhã. Estranho foi descobrir que este é um fenômeno que se repetirá por mais 3 vezes, ou seja, 4 ao total, sempre na Páscoa Judaica e Festa do Tabernáculo, que eu não sei o que é.
Também dizem que a Nasa concorda que esse fenômeno está na Bíblia, mais especificamente no Apocalipse.
Quando eu era criança, achava Dança com os Vampiros, do Roman Polanski, assustador - tinha 6 anos - e acreditava exatamente no que era dito nas profecias - ok, aí já estava mais velha.
Hoje, eu desconfio. Nada é maniqueísta assim: bom OU mal, bonito OU feio. Ah que lugar comum!!! Sim, de qualquer forma, prefiro acreditar em metáforas. Metáforas são perigosas de tão lindas, porque você as entende com o coração e esse tipo de certeza, ninguém tira.
Tanto é que no filme O Carteiro e o Poeta, quando a tia vai reclamar ao padre sobre o namorico do carteiro com a sobrinha, o padre pergunta:
"Mas o que ele diz a ela?"
"Metáfora", a velhinha responde.
Ela sabia do perigo dessa figura de linguagem.
As pergunta que me fiz são: qual é o significado desse eclipse? Como ele pode me ensinar? O que ele quer ensinar? Onde perguntar? Vale ficarmos atentos a outro tipo de linguagem.
Adoro a frase "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". Caetano. Duro, de tão verdade.
Acabei de ler que "a estupidez sempre insiste", Albert Camus.
Pensei: "Nossa! Como ele tem razão!" Todas as vezes que insisti e insisto em minha vida, dá merda. É o ditado de murro em ponta de faca. Lógico que é necessário bom senso, cada coisa tem seu tempo.
Só que li essa frase e levantei os olhos para a janela, ainda caia a chuva e apareceu o arco-íris. O véu ainda o cobria e agora, ele está ficando cada vez mais forte e brilhante. Ele foi descoberto.
A natureza descobriu o véu da chuva para vermos o que está escondido, basta tirar o véu.
Preciso lavar meus olhos.
Inherit the Wind, filme de 1960, direção de Stanley Kramer. Ponto Principal: professor é preso porque ensina a teoria darwiniana nas escolas. O filme é sobre o julgamento.
É mais do que isso: o texto é tão primoroso que vai muito além da discussão religiosa e evolucionista. Os 2 advogados, defesa e promotoria, eram amigos, são diferentes e além de estarem em lados opostos no tribunal, também compartilham de idéias opostas, mas pasmem: eles respeitam-se!!!
Hoje em dia, se a pessoa não pensa como eu, naturalmente é minha inimiga.
Não é bom ou mau, é uma questão de princípio... No final das contas, uma questão de liberdade. É necessário estar aberto e ter coragem para ouvir os ideais do outro, porque isso pode tirar nosso chão. No fundo é isso. Aquela comunidade reage daquela forma por pura falta de raciocínio e medo. Ora, mas não somos todos assim? Apesar de nos crermos pensantes?
A fala final entre o advogado de defesa e o jornalista - cético, cínico e ateu - é maravilhosa. Aliás, ele é interpretado por Gene Kelly, um dos poucos filmes sérios que fez e que eu simplesmente adoro! Muito texto, simples de fazer, interpretações boas e discussões atuais. Vale.
O link do filme não entra aqui, mas tem no Youtube: O Vento Será Tua Herança, 1960
Ontem assisti "12 Anos de Escravidão". Gostei do filme, não amei. Essa é a escravidão mais óbvia, a de posse, mas e as outras? Aquelas que sentimos, mas não percebemos? Somos escravizados pelo medo de ficar sem trabalho/emprego, sem namorado/amor, sem amigos/família/solidão. Percebemos? Só de vez em quando, mas preferimos não pensar nisso.
No filme, Solomon, negro livre, recebe outro nome depois que seus sequestradores o vendem, Platt. Quantos apelidos tivemos que não gostávamos, mas que aceitamos só para sermos aceitos? Isso aprisiona e nossa imagem fica presa lá, no passado, junto a um corpo que não existe mais e isso direciona parte de nosso comportamento. Tipo Babu, ajudante gordo da Jeanne (desenho animado), quem teve esse apelido, nossa... Olha... Boa sorte!
Tem os períodos que ficamos presos a uma idéia fixa e ficamos dando volta, pensando a mesma coisa, tendo as mesmas atitudes. Isso não é escravidão? Ficar correndo atrás do próprio rabo? Solomon conseguiu romper o ciclo, mas já não era o mesmo - lógico, situação extrema essa! Mas não é só isso, é a forma como ele viveu tudo isso, fez pensar em mim, na sociedade hoje...
Somos diferentes? Tão diferentes assim?
Sim, as imagens são horríveis, mas vale olhar de outra forma, para tentar sermos menos escravos hoje, porque hoje somos presos de outras formas, muito mais sutis.
Todo mundo fala que brasileiro só começa o ano depois do Carnaval.
Uns dizem que é depois do aniversário.
Outros dizem que é no ano chinês.
A verdade é que cada um começa o que quer, quando quer, pode, tem sorte ou algo assim.
Só penso que devemos estar preparados.
Preparados para o que? Para começar. Nunca estamos. Tão pouco para terminar. Por medo, mantemos a situação apesar de falar que queremos mudar.
Mudar dá medo e pode não dar certo. Muitos não gostarão do que verão em você, outros nem vão perceber e outros vão te parabenizar. Só que temos que aprender que nada disso importa, importa a calma que as decisões e transformações trarão.
Agir tranquila, mas veemente; com amor e metas.
Quem sabe, um novo ano começa cada dia que acordamos.
Vizinho escutando, alto, Ilariê. Eu, irritada, tento me concentrar. Dor de cabeça há dias. Pensei, parafraseando uma amiga quando está irritada: "cabeças vão rolar". Não sei quais cabeças irão, se irão, quando irão, mas a recordação, o tempo todo da minha própria, tem me feito avaliar a frase "evitar dor de cabeça".
Fisicamente: muita água, pouco café e chocolate, evitar alimentos com muita gordura, aquelas dicas que todos conhecem.
Psicologicamente: saber se defender, falar não, polidamente, colocar limites, não resolver problema alheio porque ele se torna seu.
Para isso é necessário aprender a falar, direito. Parece fácil. Kkkkkk
Ataque de bobeira devido a dor, paródia igualmente ruim, mas me fez esquecer do barulho.
Tá na hora, tá na hora
Tá na hora de acordar,
Grita, grita e a gente corre
Andando em círculos sem párar
Trabalha e vai prá frente
Com medinho vai prá trás
Quem é legal com a gente
Pode ficar, nunca é demais
É bom ser boba. ÀS VEZES!
Acabei de descobrir porque parou de chover em São Paulo! Porque a gente reclama! MUITO!
Remoer, remoer, remoer. Por que fazemos isso?!?! Acho que é medo de comer direito, a consequência disso é que ficamos remoendo, como se a segunda vez que "re-comemos" aquela comida, ela fosse melhorar. Olha a merda! Quer dizer, nesse caso, ficamos com intestino preso! Psicologia barata? Não, fato!
E qual o motivo? Não pensar direito, não olhar para a situação, ou seja, é um outro "re", é um re-olhar, re-visitar: refletir! REFLETIR! Essa é a questão tão temida e feroz, porque dá trabalho, é chato e, se formos sinceros, descobriremos a nossa parcela de responsabilidade.
E quem quer ser responsável hoje em dia?
Na política é um empurra-empurra, pai diz que a criança de 4 anos manda em casa e, na boa? É mais fácil jogar pro outro! Quando a gente olha para si e revisita situações, sem dó, a gente revê "qualidades" em nós nada agradáveis.
Quem gosta de sentir medo? Ciúmes? Inveja? E quem tem coragem de admitir que sente isso? A gente acha uma "desculpa": "eu não tava com ciúmes, só não achei legal o que ela fez". Não falou nada, mas acha que explicou tudo.
Só que se admitimos: é, foi inveja. Estranhamente, a força do sentimento diminui. Por isso é importante não remoer, mas sim refletir, evitando repetir o "erro".
Aprende-se com a revisita ao passado, planta-se uma nova reflexão para o futuro.
É complicado ser simples. A gente tem medo de ser simples. Ser simples pode parecer burrice, mas, no fundo, é requinte.
É ter coragem de ser sucinto para explicar algo. As pessoas estão acostumadas a verborragia que, muitas vezes, não quer dizer nada, e a pessoa fica falando, achando que parece inteligente. Quem nunca fez isso?
É vestir o preto básico com um acessório diferente.
É comer pão com manteiga na chapa com café com leite enquanto vai trabalhar, só prá ver o povo passar.
É perceber, nos traços de uma pintura, todo o sentimento. E, quando olhamos para ela, parece tão fácil de fazer... Vai tentar...
É aplaudir um dançarino porque ele faz parecer fácil, algo que para você é impossível.
É beber água, sem gás, sem gelo, sem limão. Água.
É difícil chegar na roda... Mas veja: ela é simples.
O simples é admirável, mas veja: sempre complicamos tudo!
Há pouco descobri que beija-flor não chega a voar na janela do meu apartamento. Muito alto. Coloquei até bebedouros com essa ilusão. Nenhum. Aí é que começa a ironia: com esse calor, abelhas e joaninhas vêm até aqui! E são bichinhos coloridos, diferentes do quê me lembro, são um pouco psicodélicos...
Grande coisa, que informação idiota. É. Fato, mas... - sempre tem "mas" para o gênero feminino - ontem a noite tinha uma na cortina e outra na minha cama, e acho que eram parentes! Não, elas não tentaram fazer nada comigo... AAAAAAAAahhhhhhhhh
Lembrei da minha infância: pegava tatu bola na mão e besouros. Muitos. Sabem o quê eles comem? Cocô de pomba, por exemplo. Ou seja, em algum momento, quando criança, comi cocô de pomba. E tô viva! A natureza realmente sabe reciclar.
Só que a pergunta ainda fica: se besouro, que deve ser o tio feio e solteiro da joaninha come merda, a joaninha come o quê?
"As joaninhas são predadores no mundo dos insetos e alimentam-se de afídeos, moscas da fruta, pulgões, piolhos da folha e outros tipos de insetos, a maioria deles nocivos para as plantas. Uma vez que a maioria das suas presas causa estragos às colheitas e plantações, as joaninhas são consideradas benéficas pelos agricultores". Fonte Wikipedia.
Não tem pulgão nas plantas aqui em casa - olhei tudo! Agora, não é sensacional que aquela coisinha minúscula, que no imaginário infantil é vermelha com pintinhas pretas, seja, na verdade, um predador?! "O Terror dos Pulgões", estrelando: Joaninha Stallone.
O quê nos leva de volta a questão inicial: o quê uma joaninha estava fazendo na minha cama ontem a noite? Pela lógica, ela estava comendo pulgão. COMENDO PULGÃO!!! Ou seja, o problema sou eu que sou suja?!
Com a finalidade de não me estressar, troquei o lençol da cama, joguei a joaninha nas plantas - vai que é sorte - passei álcool na casa toda e veneno para inseto... Pronto.
Cartaz com a "Joaninha Macho" de Vida de Inseto.
Quem tem mais de 30 anos há de se lembrar da Dona Baratinha. Antigamente não éramos tão politicamente corretos, então não era problema ter estorinhas com bichinhos, que, na vida real, são um pouco nojentinhos. Pois bem, a Dona Baratinha casou e acho que já é tataravó, já que o tempo das baratas é diferente do nosso.
Nos dias de hoje, fico imaginando o quê a Dona Baratinha deve aconselhar para as suas tataranetas:
Acabei de assistir a um trecho do filme Ziegfield
Folies com Gene Kelly e Fred Astaire. Eles brincam um com o outro, dançam juntos, riem juntos, um humor, uma leveza, uma ingenuidade que parece que perdemos hoje me dia. Me vi criança, me senti criança re-assistindo aquela simplicidade tão elaborada e elegante dos dois.
Trabalho árduo da dança, canto e atuação. Árduo e preciso. Preciso como uma agulha tem que ser durante uma operação. Leve e profundo como só o céu estrelado pode ser. Emocionante e sem palavras como só o coração pode sentir.
Existem momentos que nos tocam de tal forma, que falar é impossível. O encontro de dois velhos amigos, que não se vêem há muito, mas que basta um olhar, que o peito já sorri. Quando a cabeça parece vazia e tranquila, que dá um susto na gente. Quando as nuvens parecem pouco.
Sorrio e choro vendo uma cena. Sorrio pela beleza do momento, choro pela emoção que transborda. Sei (imagino) de todo o trabalho necessário para se chegar a um requinte simples, mas acho que somente almas grandiosas (e simples) conseguem isso. Em qualquer área. É lindo poder ver, poder assistir, poder compartilhar, poder fazer a sua parte.
Resta acreditar e labutar por ela.
"Sou toda ouvidos", quantas vezes falamos isso na vida? Agora, quantas vezes falamos isso, de verdade, de coração? Eu não sei. Acho que na maior parte do tempo somos todos bocas, só queremos falar, falar e falar!! Não ouvimos. E se outra pessoa chega e começa a falar, a gente não consegue manter o foco na conversa anterior.
Aí penso: isso é reflexo do fato de não nos ouvirmos. O corpo pede para parar de comer doce, porque você já está com dor no estômago. Mas a gente para? Não, não paramos! O corpo pede para deitar mais cedo, mas temos que passar naquele bar, para ver aquele amigo, naquele dia. A gente deitou mais cedo? Não! Aí para piorar, quebramos mais um ciclo de sono, dá insônia e ainda assim, temos que trabalhar.
Não nos ouvimos e temos a pretensão de ouvir o outro. Como? Nunca treinamos em nos ouvir, nas atitudes mais básicas. Para ouvir, é necessário estar aberto, sem julgamento de certo e errado, mais tranquilo e vazio, mas estamos sempre correndo, engolindo a comida, como parar e ouvir? Lembrando de parar. Lembrando de mastigar. Lembrando que seu corpo "fala" com voce e se aprendermos a ouví-lo será um grande passo para aprender a ouvir os outros.
Quantas vezes um amigo nos agradece por termos, simplesmente, ouvido o que ele disse? E a resposta, comumente é: mas eu não fiz nada! Fizemos sim, ouvimos, abrimos o coração e só o que o outro precisava era aquilo, mas estamos tão sós que deixamos de valorizar até isso.
"Você tem 1 boca e dois ouvidos, que é prá escutar mais e falar menos". Verdade. Mas é preciso voltar o ouvido prá dentro, senão perde o sentido.
"Águas paradas, lodo profundo". Imagina isso sendo dito com um sotaque. Sim, é engraçado, mas muito verdadeiro. Tradução: aquela pessoa que fica sempre pensando na vida, no mesmo assunto, girando feito pião, medo de mudar, preguiça de mudar - acho que isso é mais uma máscara do medo.
É difícil quebrar com os próprios "padrões de comportamento". Realmente. A gente não treinou agir de outra forma, só conhece aquilo, os outros só conhecem aquilo na gente. Só que toda regra tem sua exceção. Acho que se nos colocarmos sempre numa espécie de "berlinda", essa atitude deve ajudar para sermos mais corajosos.
Chamo de "berlinda" aquela famosa consciência de que tudo pode mudar daqui um segundo. Um acidente, uma proposta nova, um terremoto! Só que não trabalhamos com o imprevisível, queremos prever tudo: o namoro, o trabalho, os amigos... E rezamos para que algo novo aconteça. Pergunto-me: e se ficássemos abertos ao inesperado, a maravilha de um abraço e ao horror de um assalto, estaríamos nos movendo internamente?
Creio que sim (espero que sim!) e essa nova abertura, transformando o jeito de olhar, espantaria a preguiça e o medo, não rodaríamos mais como piões e poderíamos, agora sim, rezar por um milagre.
Quando era pequena e ouvia a música "Cor de Rosa Choque" da Rita Lee, aquele trecho: "Mulher é bicho esquisito, todo mês sangra", eu pensava: eu não sangro! Pois é, agora, eu sangro: há muito tempo e muito. Alguns homens vão pensar: "ai que nojo", eu respondo: "para mim, nojento é coçar, mas coçar mesmo o saco e arrotar alto". Isso é nojento e falta de educação.
Menstruar é normal, e, me desculpem as super feministas e médicos (a) a minha ignorância, é uma delícia!!!!!.... Quando acaba!! Kkkkkkkkk Minha TPM tem sido uma loucura e o período da menstruação também!!!!! O que fazer? Sim, tratar-se! É o que faço, mas tem algo de divino nisso tudo.
Porque é um ciclo, um ciclo completo do nosso útero, um órgão que nunca vimos, mas sentimos e devemos aprender a compreendê-lo. Ele é preenchido mensalmente por sangue, fica ali, pronto para receber uma nova vida, aí o óvulo não é fecundado e sangramos, como se tivéssemos perdido algo, algo que, no fundo, nunca tivemos.
Ou temos? Porque na realidade não perdemos nada, não precisamos fecundar um óvulo para sermos fecundas em Vida, Criatividade, Amor! É um círculo que presenciamos todo mês, uma preparação para gerar algo novo, aí um esvaziamento, aí uma nova preparação e assim sucessivamente e, não pode ser essa mais uma metáfora da nossa própria vida?
Talvez essa seja uma nova forma de ver, enxergar nossas mudanças corporais, como nossa própria gestação. Mulher é um bicho esquisito e abençoado, que carrega em si a metáfora da própria Vida.
Reli o Tabacaria, Álvaro de Campos. É o famoso: "Não Sou Nada, nunca serei Nada..." e pensei em fazer uma brincadeira, negando o poema todo, foi aí que começou o nó. Como seria a verdadeira negativa de Não Sou Nada? Não sou Tudo, Sou Nada ou Sou Tudo?
O Não Sou Tudo coloca-nos numa escala mais humilde, talvez mais realista da Vida, onde a pessoa sai da ilusão de que ela é tudo mesmo, onde todos devem satisfazer seus desejos. Sim, também tem o falso humilde, mas isso é conversa para outra hora.
Sou Nada é um tanto derrotista e acaba me parecendo aquelas pessoas que querem elogio o tempo todo, sabe? Mesmo quando ela erra o figurino: "Imagina, você tá linda nesse vestido laranja-ocre e verde abacate"! E fica se colocando para baixo para chamar a atenção.
Sou Tudo também é chato, me irrita profundamente esse pessoal que pergunta sobre você e na hora que você vai responder, a pessoa conta uma história dela que em nada tem a ver com aquilo que você falava anteriormente!
Aí chegamos ao óbvio: Fernando Pessoa era um gênio. Mas pensei: ele é um gênio não só porque escreveu tudo aquilo, mas porque faz refletir a sua escrita em nós até hoje. Quem já não passou por todos esses níveis? Quem já não percebeu que não é o centro do Universo? Mas também quem já não pensou que fosse? Pelo menos na infância todos nós achamos que somos. E quem já não foi abandonado e se sentiu a pior pessoa do mundo.
Toda vez que leio algo que me encanta, agradeço ao autor. O que vai no coração é difícil ser traduzido em palavras.
Outro dia li um texto e a pessoa falava em inter-relacionamento. Acho isso um pleonasmo. Porque se é relacionamento, isto já é a interligação de 2 ou mais pessoas, ou, quem sabe, o relacionamento de uma pessoa com um objeto, por exemplo, sua casa. Além disso, a maioria pressupõe que relacionamento é só o amoroso. Dito tudo isso, penso que somos pobres emocionais.
A vida de ninguém deveria estar baseada no que seu atual amor pensa; no que a sociedade apregoa, no que nossos pais e amigos acreditam, no que nosso emprego exige. Mas isso é um fato: somos sim influenciados por tudo. Mesmo que acreditemos que somos únicos. Só isto deveria ser motivo suficiente para sermos mais calorosos, menos enraivecidos e brutalizados; mas não é.
Uma pena. Ainda estou muito tocada por São Luís... A família Sarney está lá desde 1956, fez ligações políticas com a Ditadura e o Lula. Quantos mais, nesse Brasil afora, que, independentemente da "pseudo" inclinação partidária, continuam nos tratando como escravos? Reinando absolutos sem que nada seja feito contra eles? Por que deixamos ser tiranizados por um chefe incompetente? Por que aceitamos relações baseadas no medo?
Pergunto-me: é necessário CPI, terapia, questionamento? Sim!!!! Mas é necessário, primeiramente, bom senso, mas nós não temos. Falta-nos a auto-crítica de que somos interligados com nossos relacionamentos, sejam profissionais ou pessoais.
Aí postegarmos relações nada saudáveis, por medo de represálias, por medo de ficarmos sós. Quando, no fundo, ao sermos confrontados com uma situação extrema, pensamos: por que não terminei (terminamos) com isso antes? Teria sido mais fácil, o mal não teria crescido tanto...
Por isso, tentemos semear uma vida diferente, com um coração inquisitivo e profundamente amoroso.
Preguiça imensa me invade nesse início de ano. Tomei decisões, fiz listas, tudo numerado, pronto para ser executado e, e, e, tô que nem trem a vapor, toda hora preciso colocar lenha, senão não ando.
Por que? Se as decisões já estão tomadas e está tudo certo?
Porque uma coisa é você decidir fazer, a outra é fazer. Isso é básico, mesmo que a situação esteja ruim, preferimos continuar com algo que conhecemos a nos lançar no desconhecido, mesmo que este acene para nós, com um futuro bem melhor.
Por isso que as listas de final de ano não dão certo, porque é durante o ano que a vida se desenrola e temos que fazer de tudo para que esse desenrolar seja o melhor que podemos produzir.
Como saber que é o seu melhor?
Questionando-se. Sem dó. Sem piedade de si. Posso fazer mais? Quero fazer mais? De verdade? Como? Difícil, mas não impossível. É levantar de manhã, respirar cada vez mais fundo e levantar, mesmo, erguer a cabeça. E vamos combinar que com esse calor, até isso está difícil.
Esse questionamento é a lenha que tenho tentado colocar, para aprender a olhar para um novo horizonte.
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